O símbolo dos heróis e conquistadores.
Dos que se perderam e lá ficaram,
Dos tormentos e fascinantes esplendores,
De mil águas, ilhas e nova gente encontraram.
A janela do mundo, da vida, de Tomar.
Tem paz, poesia e tudo o que conseguimos,
Fomos longe, recordem quem foi para o mar,
Foram há tanto e ainda hoje os ouvimos. África, Américas, Austrália e Orientes,
Naus e Caravelas, muitos dias frios e quentes,
Repousam no fundo mar,
No silêncio, ficou a história e muito por contar.
João Amendoeira Peixoto
Floresceu perfeito mais um dia.
E quem eu sou, porque estou aqui?
Cortei a tristeza, dei-me alegria.
Renasci, depois, fui e parti.
Havia um silêncio de medo.
Um silêncio na madeira esquecida e apodrecida pelo tempo. As tábuas rangiam à minha passagem e não havia ninguém, mesmo ninguém. O pó cobria a mesa que foi e já não é. O escuro envolvia um passado dos antepassados, que viviam ali e já não vivem, porque simplesmente morreram. Morreram palavras, sorrisos, morreu amor, motivos, paixão, talvez traição, morreu tudo e eu quase lhes senti a presença, senti simplesmente. Quase os pude imaginar. Silêncio, o silêncio de um tempo que já não existe e eu sorri. Senti-me. Sorri. Senti-me como um ponto final, algo que estava ali presente, do mesmo sangue, para dizer, terminou.
João Amendoeira Peixoto
Poema seleccionado
Peguei no Goniómetro, segurei-o bem, pensei.
E apeteceu-me bater em toda a gente.
Concentrei-me, contive o meu sangue saxão, folguei,
Constipado, com fome, posei a mão e olhei para o doente.
E pensei naquilo que é uma manhã.
Que frete, sempre a mesma coisa.
As mesmas notícias todos os dias.
Ter que comer e lavar a loiça.
Sair cedo de manhã e ficar com as mãos frias.
Trânsito e toda a gente se enerva,
Depois, enlatado no comboio sem respirar
Como uma sardinha de conserva,
Com comichão no joelho e sem me poder coçar,
Quase a sufocar, em dispneia, desoxigenado
Sair quase a tombar, muito mal.
Meio perdido e atrapalhado,
Lá fui eu estagiar para o Hospital.
Nada melhor que a minha pequena cidade,
Oxigénio, paz, sem enlatados e com tranquilidade.
P.S. Natureza recomenda-se. João A. Peixoto
Penso, chove e hoje fiquei molhado.
Foi cansativo e estou farto.
Gente e mais gente por todo o lado.
Farto! Farto! Molhado!
Levei com a água toda...
Atravessei, junto à Praça de Espanha.
Confusão, intempérie louca .
Paciência só alguma tenho, hoje não sei quem a tenha.
Água por todo o lado! Farto!
Em casa, agora, de sorriso meio esboçado,
Apetece-me escrever um pouco, sentado, no meu quarto.
João A. Peixoto
Sou teu amigo,
Quando estás feliz ou quando te feres.
Em todos os momentos estarei sempre contigo.
Amigo, sempre que quiseres.
João Amendoeira Peixoto